ASSISTA À SESSÃO GRAVADA DO WEBINAR “A GESTÃO DE ATIVOS E OS DESAFIOS DESTA DÉCADA”

09/10/2020

A gestão de ativos assume cada vez mais um papel fundamental e estratégico no setor da água, principalmente perante os desafios do presente e do futuro. É neste sentido que a Comissão Especializada de Gestão de Ativos da APDA está a promover um conjunto de três webinars, tendo o primeiro sido já realizado. Para assistir à sessão gravada clique na imagem abaixo.

Moderado por Luís Costa, Diretor de Gestão de Ativos da Águas de Coimbra, o webinar contou com as intervenções de Ana Luís, Vogal Executiva do Conselho de Administração da Águas do Tejo Atlântico, Nuno Almeida, Professor Auxiliar no Departamento de Engenharia Civil, Arquitetura e Georrecursos do Instituto Superior Técnico, Rute Rodrigues, do Departamento da Qualidade da ERSAR - Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, bem como de Célia Reis, Supervisora dos Sistemas de Informação Geográfica da EPAL e da Águas do Vale do Tejo.

Ana Luís abordou os conceitos essenciais subjacentes à gestão de ativos, estabelecendo a respetiva ligação com os desafios desta década. Ao sublinhar a importância da gestão dos ativos infraestruturais no setor da água, justifica-a com três argumentos: a missão da empresa depende dos ativos; os ativos físicos representam o principal capital da empresa, onde se fazem os maiores investimentos; e a maioria dos custos operacionais está relacionada com a operação e manutenção dos ativos. Uma boa gestão de ativos é fulcral para gerar valor para os clientes e acionistas, traduzindo-se numa atividade coordenada entre os vários departamentos da Entidade Gestora em que em cada momento se busca o equilíbrio entre o Risco, o Custo e o Desempenho nas decisões a tomar, como por exemplo: reparar ou reabilitar? Manutenção preventiva mais ou menos frequente? Como garantir ou aumentar a resiliência dos sistemas no curto, médio e longo prazos? Assim, uma boa gestão de ativos é quando a Entidade Gestora sabe traduzir nos seus planos de investimento, de manutenção e estratégico onde se quer posicionar, aferindo não só o ponto ótimo a nível de quando e como deve intervir no curto e médio prazo, mas também as decisões estratégicas no sentido de antecipar riscos e oportunidades futuras, passando de uma lógica de reação para uma de prevenção. O resultado é uma maior eficiência com custos controlados, proporcionando aos clientes a garantia de um serviço de qualidade e sem repercutir na tarifa custos desnecessários.

Após uma breve introdução da Comissão Técnica de Normalização CT 204 Gestão de Ativos, Nuno Almeida, Professor Auxiliar no Departamento de Engenharia Civil, Arquitetura e Georrecursos do Instituto Superior Técnico, explanou de que forma as normas e os guias técnicos de gestão de ativos contribuem para se atingirem seis dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pelas Nações Unidas, nomeadamente o número 6 “Garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do saneamento para todos”. As versões nacionais das normas da família ISO 55000 sobre gestão de ativos são elaboradas por esta comissão técnica de normalização. As versões nacionais da norma de princípios e terminologia ISO 55000 e da norma certificável de requisitos para sistemas de gestão de ativos ISO 55001 estão publicadas. A segunda versão da norma ISO 55002 com linhas de orientação para a aplicação da norma ISO 55001 está a ser traduzida pela CT 204. Nuno Almeida realça, entretanto, a especificação técnica ISO/TS 55010:2019 sobre o alinhamento das funções financeiras e não financeiras da gestão de ativos e que se encontra igualmente em tradução pela CT 204. Este conjunto de normas pode apoiar organizações dos vários setores de atividade económica em Portugal em matéria de gestão de ativos. Para além das normas, destaca também os guias técnicos que dão suporte à implementação prática da gestão de ativos. A CT 204 acompanha e espelha os trabalhos internacionais de normalização sobre gestão de ativos e visa desenvolver e promover esta abordagem multidisciplinar da gestão, conduzindo à sua consolidação nos vários setores de atividade económica em Portugal, incluindo o setor da água.

Para demonstrar quais os procedimentos da ERSAR relativamente à gestão de ativos, Rute Rodrigues fez uma apresentação com base nos grandes números do setor a nível de infraestruturas existentes em Portugal. Revelou também quais os principais instrumentos utilizados pela ERSAR no âmbito da regulação, bem como os disponibilizados às Entidades Gestoras para auxílio destas aquando da tomada de decisão, destacando os Guias Técnicos, os Indicadores relativos à reabilitação, o Índice de Conhecimento Infraestrutural, o Índice de Gestão Patrimonial de Infraestruturas, como também o Índice de Valor da Infraestrutura, que embora ainda em testes já permitiu recolher dados relevantes. Entretanto, o RASARP - Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal é apontado como a ferramenta que mais informação contém. Rute Rodrigues debruçou-se também sobre os principais resultados obtidos nos últimos cinco anos sobre as Entidades Gestoras “em alta” e “em baixa”, revelando quais os próximos passos da ERSAR e das Entidades Gestoras no âmbito da gestão de ativos.

Para além de apresentar a Comissão Especializada de Gestão de Ativos (CEGA) da APDA, a qual coordena, Célia Reis apresentou os principais resultados de um inquérito de gestão de ativos efetuado às Entidades Gestoras nacionais no primeiro semestre de 2019, com o objetivo de aferir o estado de maturidade neste âmbito. O inquérito revelou que, das 112 Entidades que responderam, menos de metade assumiram “fazer” gestão de ativos, destas, a esmagadora maioria não está certificada, embora um número significativo tenha já definido objetivos para esta atividade. Os dados revelaram ainda que apenas 14% das Entidades Gestoras tem uma unidade de gestão de ativos definida no seu organograma. Tendo presente que é extremamente importante possuir uma boa informação cadastral de base, ficou evidenciado que o papel ainda é amplamente utilizado como suporte ao registo e arquivo de informação de exploração e da condição - este cenário pode indiciar que ainda existe um grande potencial para melhorar e amplificar a utilização de sistemas de informação. Como em muitas outras áreas, também na gestão de ativos aparenta existirem duas velocidades a nível nacional, essencialmente devido à grande quantidade de Entidades Gestoras, muitas das quais de pequena dimensão em população servida, mas abrangendo vastas áreas geográficas. A criação de economias de escala, que se podem concretizar através de processos de agregação entre Entidades, pode ser um caminho para otimizar recursos e aumentar a maturidade na gestão de ativos. É assim de extrema importância promover no setor um cada vez maior nivelamento do conhecimento e das boas práticas, garantindo que o nosso foco está no futuro, mas nunca esquecendo quem está em risco de ficar para trás. 

Rui Godinho, Presidente da APDA, encerrou a sessão não sem antes elevar o contributo da melhoria das ferramentas teóricas no desempenho efetivo nas Entidades Gestoras. Sublinhou também a intervenção e presença significativa dos participantes, que demonstra a importância da disseminação de informação que este webinar da APDA representa.